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NAQUELA ESTAÇÃO – INACABADA

Naquela estação, o trem desembarcou uma passageira em especial, desceu sozinha, não foi notada, suas mãos suavam frias e as pernas cambaleantes. Olhou para o saguão principal e pode notar a presença daquele que um dia amou e partiu levando consigo a saudade.

Há exatamente 30 anos, partia deixando alegrias, ilusões e saudades. No caminho reviu tudo, velhos costumes e antigas amizades. Mesmo não vendo possibilidades, tentou reviver o passado, aquela criança alegre, hoje vive triste e não consegue prosseguir tranquilamente na vida.

Retornou àquela velha casinha de palha, a bica no fundo do quintal, onde viveu toda sua infância e juventude. Um bule de café ainda estava no canto do fogão à lenha, o portão ainda quebrado demonstrava a fragilidade da casinha. Debaixo da velha paineira o carro de boi já surrado pelo tempo e ao lado um banquinho onde sentavam todo para um entardecer maravilhoso.

Uma lágrima desceu de teu rosto sofrido e melancólico, não conseguiu segurar o choro convulsivo e lembrou-se dos teus pais, irmãos e amigos todos fazendo aquele barulho delicioso.

Quando se retirou do convívio de todos aqueles que amavam, levou consigo muita tristeza no coração…

Aureliano Martins Peixoto

Poeta, cronista, articulista e escritor.

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