Política

Por iniciativa do deputado Helio de Sousa, Assembleia discute autismo na saúde

Por iniciativa do deputado Helio de Sousa (PSDB) e da Comissão de Saúde e Promoção Social, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizou na manhã de segunda-feira (12), das 8h30 às 12 horas, no Auditório Solon Amaral, audiência pública com o tema: “Autismo na Saúde”.

O parlamentar fez avaliação positiva do evento, que reuniu crianças e adolescentes autistas, mãe e pai de pessoas portadoras da deficiência e autoridades na área.

“Sou médico e sei da importância de adquirirmos o máximo de conhecimento em determinado tema. Sou pesquisador do autismo, mas reconheço que tenho ainda muito a aprender com o tema, por isso propomos esse debate, que, graças a Deus, alcançou os objetivos desejados não apenas por nós, mas por todos que dele participaram. Tivemos uma soma de opiniões abalizadas que contribuíram para enriquecer o conhecimento sobre o autismo”, ressaltou Helio de Sousa.

Presidida pelo deputado Helio de Sousa, a mesa dos trabalhos estava assim composta: Victor Lázaro Ulhoa Florêncio de Morais, defensor público do Estado de Goiás; Sônia Helena Adorno de Paiva, diretora multiprofissional de reabilitação do Centro de Reabilitação Doutor Henrique Santillo (CRER); Joice Martins de Lima Pereira, ginecologistas e mãe de autista; e Douglas Peres, psicanalista, psicopedagogo, professor e pai de uma criança com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Antes do uso da palavra pelos presentes, o grupo Corrente do Bem realizou apresentação de capoeira inclusiva. Liderado pelo professor Takinha, o grupo conta com alunos autistas e deficientes físicos. O grupo Dança Para Todos também se apresentou no evento. Os dois grupos foram muito aplaudidos.

Primeira a fazer uso da palavra, Sônia Paiva falou de diferentes fases do autismo. “Precisamos informar à sociedade que a doença é diagnosticada como autismo apenas de forma clínica. A criança diagnosticada com autismo hoje será adulto amanhã. Temos pouquíssimos protocolos para trabalhar com autistas na fase adulta. É preciso formarmos um time composto por neuropediatra, terapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, pedagogo e educador físico para, em seguida, ensinar, explicar e mostrar para a família o passo a passo na vida dos autistas”, afirmou. Ela frisou ainda que os avanços no tratamento ocorrem de forma demorada.

Em seguida, falou Douglas Peres, que defendeu a necessidade de mais políticas públicas voltadas para o autismo. “Não só o autista, mas a família dele precisa de um acompanhamento. Na grande maioria dos casos, a família não sabe como lidar com esse problema”, afirmou. E acrescentou: “Tenho um filho autista com 10 anos de idade. Ele fala seis línguas, pratica esporte e estuda. O Brasil ainda tem muito a progredir nesse ponto. Em países como Estados Unidos, o autista é tratado pelo Governo de uma forma bem mais respeitosa. O autismo atinge uma a cada 50 crianças no mundo. Peço para todos os familiares que não se deixem vencer, comprem a briga, que vale muito a pena. Toda noite de sono que perdi brigando pela saúde do meu filho valeu a pena; hoje, estou colhendo os frutos”, enfatizou.

Joice Lima falou sobre as dificuldades e vitórias na criação de sua filha especial. “Meu maior desafio foi encontrar uma escola que aceitasse minha filha da maneira que ela é. Ouvi muitas desculpas, muito não. Quando encontrei uma escola para minha filha, percebi que toda a criança tem limitações, cabe a nós respeitarmos a diferença do próximo. Apesar de todas as lutas e momentos difíceis, são muitas vitórias em nossas vidas, é de suma importância entender esse mundo”. Ela reforçou pedido de apoio a Helio de Sousa e a Defensoria Pública a causa.

Após os pronunciamentos dos componentes da mesa, Helio de Sousa abriu espaço para o debate. Houve consenso sobre a importância de buscar mais o diálogo com a sociedade para compreender melhor o autismo. Ficou patente que se trata de uma questão de saúde pública que demanda avaliação de cada caso em particular; e só então a partir do diagnóstico do perfil do paciente, traçar e oferecer tratamento contínuo. Inclusive, Victor Morais se dispôs a trabalhar mais junto aos gestores envolvidos sobre a necessidade de melhorias na área.”

Anderson Alcantara

Jornalista e Escritor

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