Terapia em grupo no Crer acolhe e orienta pais de autistas
Receber a notícia de que um filho tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) é algo que abala emocionalmente toda família. Diante do diagnóstico, é comum pais e responsáveis sentirem medo por desconhecerem os desafios impostos pelo transtorno.
Pensando em acolher e informar esses pais, o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo – Crer, unidade da SES-GO, tem há quatro anos o Grupo de Pais de Autistas, onde os participantes recebem orientações e informações sobre a síndrome. O encontro, conduzido por uma fisioterapeuta e uma fonoaudióloga, tem duração de uma hora e reúne pais de pacientes autistas em tratamento no hospital.
“O grupo foi criado visando o empoderamento dos pais, já que são eles que passam a maior parte do tempo com os pacientes, exercendo assim o papel fundamental e importantíssimo de co-terapeutas. Durante os encontros, explicamos o que é o TEA, os porquês dos comportamentos identificados nos pacientes e, principalmente, desmistificamos o autismo”, explica a fisioterapeuta e analista do comportamento do Crer, Milena Borges de Moura e Almeida.
São os encontros com outras pessoas que enfrentam os mesmos desafios que tem ajudado Emilene Naves Guimarães a superar as dificuldades do dia a dia. Emilene é mãe do Breno Naves, de 7 anos, e da Helena Naves, de 4 anos, os dois diagnosticados com TEA.
“Se deparar com a realidade de ter dois filhos autistas foi desesperador pra mim. Participar do Grupo de Pais é o que tem me acalmado e ajudado a melhorar meu lado emocional. A troca de experiências que temos aqui e a segurança que as profissionais nos passam faz com que a gente saia daqui com muito mais força. Não consigo me ver hoje sem frequentar o grupo”.
Assim como Emilene, Maria de Lourdes Gois também procurou a ajuda do grupo para entender a condição do filho, Luiz Eduardo Alves de Sá, que foi diagnosticado com autismo há dois anos. Maria conta que, em um primeiro momento não sabia o que fazer já que não tinha ideia do que era autismo. Participando do Grupo de Pais há três meses, ela já aponta conquistas significativas na rotina da família.
“Hoje conseguimos entender o comportamento do nosso filho. A partir das orientações recebidas no grupo, sei como conduzir nossa rotina para que ele seja estimulado e beneficiado”.
Para a fisioterapeuta, o curso é um divisor de águas na vida dos pais. “Os pais saem dos nossos encontros transformados. A partir do momento que eles conhecem o autismo tudo muda, principalmente o desenvolvimento do paciente. Ter pais informados e conscientes interfere positivamente na estimulação e no desenvolvimento das nossas crianças autistas”.
O autismo é um transtorno global do desenvolvimento, e não uma doença, caracterizado por alterações significativas de comunicação, interação social e de comportamento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que aproximadamente 1% da população mundial esteja dentro do espectro do autismo. Isso representaria cerca de 70 milhões de autistas em todo o mundo; 2 milhões somente no Brasil