“O governo Renato de Castro não me representa”, diz vereador Marcos Pernambuco
O que era vidro se quebrou. O vereador Marcos Pernambuco (PDT), que até julho respondia como líder do prefeito Renato de Castro (PMDB) na Câmara Municipal, cortou os últimos laços que ainda restavam entre ele e o antigo aliado.
Em entrevista exclusiva ao Portal Goiás Total, o parlamentar – reeleito para seu segundo mandato – diz, sem meias palavras, que o atual governo não o representa. Convidado a conceder uma nota à administração, foi bastante econômico: nota 3.
Confira a entrevista na íntegra:
Há poucos dias o senhor deixou a liderança do prefeito Renato de Castro alegando falta de palavra dele com um grupo de servidores. Arrependeu-se da decisão?
Não tenho porque me arrepender, até mesmo porque se dependesse deles eu não teria chegado (à Câmara).
Qual foi a reação do prefeito à sua decisão?
Não sei, pois não estive com ele após o acontecido. Parece-me que não se importou, imaginando que talvez eu não estivesse levando a sério a decisão ou que não precisa de mim. Vai saber, né?
O senhor deixou de representar o governo Renato na Câmara. É um governo que ainda te representa?
No início sim. Logo que se encerrou a campanha e diplomado, embutido de todos os compromissos e desafios assumidos, com um plano de governo interessante, e que ajudei a carregar até então. Mas, agora não me representa. Tudo o que era de expectativa se frustrou. Esperava que fosse criar mecanismos próprios, necessários para suprir a grande demanda de jovens e pais de família, que estão sem um incentivo e nem sequer políticas que possam dar uma oportunidade de crescer e entrar no mercado de trabalho. Com certeza hoje é uma das minhas maiores preocupações: criar formas de inserir tantos desses que hoje não estão tendo nenhuma oportunidade, isso dentro do cenário que está sendo conduzido pelo governo. Essa conduta não me representa.
Que nota você dá para a gestão até agora?
Nota 3. Primeiro, se propôs a disputar a eleição contra um grupo forte. Segundo, foi diplomado prefeito de Goianésia. Três: o prefeito até então é de direito e não é de fato, logo que tomar as rédeas, “merecendo” virão outras notas.
Que pontos o senhor considera positivos e negativos na gestão?
Positivo: ter colocado o pagamento em dia. Isso faz com que os servidores honrem seus compromissos. Vejo como negativo o assustador abuso de propaganda nos meios de comunicação. Não vejo diferencial da administração passada do PSDB com a atual. Ou seja, de 2009 a 2012, na gestão do (ex-prefeito) Gilberto Naves, a qual foi uma gestão baseada em “o ser humano em primeiro lugar. Acredito que é isso que falta a essa administração enxergar. No meu ponto de vista, o gestor deve colocar o ser humano em primeiro lugar, com mais saúde, mais educação, mais qualificação profissional, segurança e mais lazer saudável, onde as famílias se confraternizem na sua totalidade.
Qual sua opinião sobre a realização do Goianésia Mix Festival?
Sou a favor do lazer, da descontração, do entretenimento. Mas vale observar como que está o funcionamento de toda a estrutura organizacional. Fazendo um investimento dessa grandeza em uma única área, sendo essas verbas públicas, será que não vai acorrentar investimentos em outras áreas como saúde, educação, segurança, infraestrutura e tantas que poderiam estar sendo priorizadas? Quando falo de geração de emprego é caso sério, esses mesmos jovens que vão lá são, na sua maioria, os estão precisando de uma atenção de inserção no mercado de trabalho.
O senhor é muito ligado a grupos de trabalhadores. Recentemente encaminhou o pleito de assessoras de creche que lutavam por reposição salarial. Qual a sua opinião sobre a forma que o prefeito lida com os servidores?
Tenho uma história de parcerias e de luta com grupos de trabalhadores e servidores. Faço disso o meu ofício. Como já disse anteriormente, o prefeito colocou o pagamento dos salários em dias, fez correto. Mas para mim não é mais que uma obrigação. Mais que isso é que os servidores esperam que execute os planos de cargos e salários e, aí assim, reconhecer aquele servidor que tanto luta e se prepara para o melhor desenvolvimento de suas atividades.
Comenta-se que o senhor teve alguns sérios desentendimentos com o prefeito, inclusive no início do mandato. O que deu início a esse desentendimento?
É a questão, percebi que nada mudou da gestão passada. Isso é ruim até mesmo porque dentro do processo eleitoral o que se prega para ganhar a confiança do eleitor é a diferença nas propostas e no modelo de administrar. Então percebi fortes semelhanças, mas não era para menos: o secretário da Casa Civil é fruto do PSDB.
Como se define na Câmara no jogo das cadeiras? De situação ou oposição?
Sou vereador independente. Fiz uma campanha independente, com ajuda dos servidores, trabalhadores, micros e pequenos empresários. É a eles que sou subordinado.