Política

Dona Laura, a benzedeira mais famosa de Goiás

Em Barro Alto todos conhecem Laura Teodora da Silva, 85 anos. Ou simplesmente, Dona Laura, a benzedeira. Viúva há mais de 40 anos, ela mora só em uma chácara simples, distante dois quilômetros da cidade. “Sozinha não”, corrige ela. “Tenho a companhia de Deus e das entidades de luz do espaço”.

Natural de Coromandel (MG), Dona Laura explica como recebeu a missão de benzer. “Eu tinha cinco anos de idade, quando ouvi uma voz dizer que daquele momento em diante eu iria continuar sua missão”, conta, explicando que a voz era de uma mulher muito velha. “Uma voz fraca”, reforça. De acordo com Dona Laura, a voz se identificou apenas como uma pessoa que viveu no cativeiro, uma escrava. “Ouço essa voz todos os dias. É ela que me guia, me orienta e me ensina qual planta escolher para preparar remédio quando vou à mata”, explica.

Mesmo com o hábito de interagir com um espírito, Dona Laura é católica fervorosa. “Sempre que posso vou à igreja. Nem sempre posso por causa da distância. Mas vejo muita missa pela televisão, especialmente a TV Canção Nova”, relata. Naturalmente, seu dom não é bem recebido pelos padres nem por católicos mais tradicionais. “Sofro muita perseguição. Muita gente me acusa de ser feiticeira, macumbeira, mas não sou nada disso. Sou apenas alguém que recebeu um dom de Deus e que faz o bem às pessoas”, diz. “Mas se até os discípulos de Jesus sofreram perseguição, por que seria diferente comigo?”, argumenta.

Sua casa, simples e de mobília antiga, está sempre cheia. A estradinha que liga a cidade até sua chácara parece uma romaria. “Todos os dias recebo muitas pessoas aqui, gente que vem em busca de ajuda, de cura, de consolo”, conta. “Benzo a todos, não procuro saber a religião nem nada. Minha missão é essa”, frisa.

“Já tive muita vontade de desistir. Isso cansa muito. Tem dia que nem tenho tempo de almoçar ou jantar. O povo me procura até no domingo, que é meu dia de descanso”, confessa. “Mas só vou deixar de cumprir essa corrente quando Deus permitir, ou seja, quando eu morrer”, revela.

Dona Laura disse ter perdido a conta de quantas pessoas conseguiu curar ao longo da vida. “Milhares e milhares”, palpita. Segundo ela, de doenças simples, como infecções, a moléstias mais graves como câncer e úlcera. “Benzo também muitas pessoas que estão com problemas no casamento, com filhos nas drogas, desempregadas, problemas com alcoolismo”, enumera.

Anderson Alcantara

Jornalista e Escritor

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