Pesquisa realizada em parceria entre Anglo American e Embrapa identifica plantas capazes de extrair níquel do solo
Parceria entre a Anglo American e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) identificou 19 espécies vegetais com capacidade de absorver grandes quantidades de níquel em suas folhas e caules. Essa descoberta abre caminho para novas soluções e estratégias de recuperação das áreas de lavra e das pilhas de material estéril em operações minerais.
A pesquisa foi realizada em áreas da operação da Anglo American em Barro Alto (GO) por uma equipe multidisciplinar, composta por especialistas em ecologia vegetal e botânica, fertilidade e microbiologia de solos e ecotoxicologia ambiental. Segundo a pesquisadora da Embrapa Cerrados e coordenadora do projeto, Leide Andrade, as espécies identificadas têm potencial para uso na fitorremediação de níquel. Esse processo nada mais é do que o cultivo de plantas que purificam os solos com excesso desse elemento químico à medida que o acumulam em suas próprias estruturas.
Para Tiago Alves, o gerente de Meio Ambiente da Anglo American, os resultados apontam para perspectivas positivas na busca pela solução de questões ambientais. “Hoje, a legislação exige que as áreas sejam revegetadas, mas não define o tipo de cobertura vegetal que deve ser usado. As descobertas da pesquisa sobre o potencial dessas plantas podem elevar o padrão de qualidade da recuperação dos espaços remanescentes da lavra da mineração de níquel e das pilhas de material estéril. Isso reforça o compromisso com o meio ambiente saudável, um dos nossos pilares globais de sustentabilidade.”
O estudo foi realizado a partir do plantio de sementes e mudas da flora nativa da região, o que evita a perda de diversidade biológica e genética local. “O protocolo tecnológico está em processo de validação em escala de campo e poderá ser aplicado em larga escala, a partir das espécies disponíveis em cada região em que a vegetação nativa foi eliminada. Com isso, será possível compatibilizar o desenvolvimento da atividade mineradora com a conservação da biodiversidade das áreas exploradas”, explica a pesquisadora da Embrapa.
Reconhecidas como hiperacumuladoras de níquel, as vegetações pesquisadas conseguem acumular, em seus tecidos, grande quantidade desse metal, mais de 0,1% (ou mais de 1.000 mg de Ni/kg de matéria seca). O trabalho também resultou no registro total de mais de 200 espécies capazes de crescer em ambientes com alto teor de outros metais no solo, como magnésio, manganês, cromo, ferro, cobalto, entre outros.