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Raio X da Saúde de Goianésia

Em conversa com profissionais que trabalham na saúde pública de Goianésia, fiquei a par do preocupante panorama desta área.

Nas Unidades Básicas de Saúde (postos) os médicos trabalham com um volume elevado de pacientes, chegando a realizar cerca de 40 atendimentos por dia, quando o ideal seria de no máximo 26 atendimentos por dia. Contudo, em alguns postos não há médico fixo, assim, estes pacientes acabam indo para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em busca de atendimento básico, surgindo assim um novo problema, pois chegando lá, recebem a classificação azul (não urgente no Protocolo de Manchester), tendo que aguardar por várias horas, gerando insatisfação no usuário, e sobrecarregando a UPA.

Quanto a UPA, além dos problemas citados, existem também os seguintes: diversas infiltrações no teto, que causam mofo nas paredes; frequentemente faltam insumos, como seringas, soro, além de medicamentos básicos como anti-alérgico, buscopan, dipirona, etc.

No que tange a Secretaria Municipal de Saúde, esta possui apenas duas ambulâncias para atender todo o município, sendo que, já ocorreram episódios em que, uma estava em conserto, enquanto a outra estava em viagem, deixando a cidade sem ambulância por algumas horas. Seria necessário a compra de mais duas para o bom funcionamento do sistema.

Além disso, a Secretaria não possui aparelhos suficientes para realizar exames básicos, assim, quando algum paciente da UPA ou do Hospital Municipal precisa realizar exames mais complexos, só é possível em dias úteis e somente até às 17 horas, sendo que, alguns são realizados apenas na rede privada.

Falando no Hospital Municipal, este é o pior problema do sistema de saúde do município, pois este possui uma estrutura física deplorável, e regularmente faltam insumos e medicamentos.

Cumpre rememorar que em 07/06/2018, o Secretário Municipal de Saúde, Sr. Hisham Mohamad Hamida, em entrevista concedida ao portal “Informativo Cidades”, declarou:

“[…] Renato de Castro nos determinou, ainda quando éramos da Secretaria de Projetos da Prefeitura de Goianésia, a viabilização dos recursos e dos projetos para a construção de um novo Hospital Municipal para nossa cidade, a fim de substituir nosso atual hospital, que já se mostra obsoleto e acanhado para as necessidades do goianesiense. […] Conseguimos, junto ao Ministério da Saúde o montante de R$ 8,8 milhões para garantir a construção de um prédio de 7.145 m², com 60 leitos, o que vai dobrar nossa atual capacidade de atendimento. No final do último mês recebemos a excelente notícia de que nosso projeto, conduzido pela arquiteta Laís Mônica, foi aprovado pela Vigilância Sanitária, o que finalmente vai permitir agora o início desta grandiosa construção. […].”

Com essa fala, fica evidente que o Secretário reconheceu há quase dois anos, o estado do Hospital Municipal, sendo urgente a construção de um novo. Porém, o mais estarrecedor é pensar que a verba de R$ 8,8 milhões foi disponibilizada pelo Ministério da Saúde, mas, ao que tudo indica, foi perdida por incompetência da Prefeitura em desenvolver o projeto do novo hospital, assim, faltando poucos meses para o encerramento desse mandato, é quase impossível que essa promessa seja cumprida.

Imprescindível ressaltar que, como tem sido nos últimos três anos, mais um carnaval se aproxima, e a Prefeitura de Goianésia realizará um grande evento festivo, com grande investimento de dinheiro público. Se levarmos em consideração todos os valores gastos com essa política de grandes eventos nessa gestão, esse montante teria sido suficiente para sanar os problemas da saúde pública de nossa cidade.

No momento da eleição, a população de Goianésia deveria refletir acerca das prioridades dos gestores de Goianésia.

 

Juliano Rodrigues de Souza Junior

Graduado em Direito pela Universidade Católica de Brasília, e Advogado em Goianésia

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