Pesquisa comprova economia superior a 60% com sistema fotovoltaico em moradias de Palmeiras
A instalação de sistemas de geração de energia solar fotovoltaica do projeto Casa Solar nas unidades habitacionais do Residencial Maria Pires Perillo, em Palmeiras de Goiás, gera economia superior a 60% na conta de energia. Este é o resultado de pesquisa realizada pela Agência Goiana de Habitação (Agehab) em moradias do bairro que receberam as placas implantadas com recursos do Cheque Mais Moradia, do Governo de Goiás.
A pesquisa foi realizada em três unidades habitacionais em Palmeiras de Goiás com o objetivo de avaliar tecnologias para reduzir o consumo de energia e água em habitação popular. Os resultados fazem parte do artigo submetido à Conferência Internacional “Conference on Environment and Electrical Engineering”, em Palermo, Itália, 2018.
Para a elaboração do artigo, escrito em parceria com o Instituto Federal Goiano (IFG), foram apresentados como exemplo os dados coletados na casa da moradora Patrícia Soares de Oliveira, comparando os resultados de todos os sistemas instalados: chuveiro elétrico, sistema de aquecimento de água, sistema solar fotovoltaico com associação de chuveiro elétrico e sistema solar fotovoltaico com associação de aquecimento solar.
A escolha da habitação partiu da observação dos dados coletados, verificando que a moradia da Patrícia é a que apresenta rotina estável de todos os membros, sendo fundamental para os resultados. A moradora é dona de casa e mora com o marido, que trabalha como frentista, e a filha de 8 anos. Segundo ela, a queda do consumo de energia foi muito grande. “Nossa vida já tinha mudado com a conquista da moradia, porque saímos de um aluguel de R$ 350 para pagar R$ 25 de prestação do financiamento. Agora, vamos pagar a tarifa mínima de energia. Estamos controlando nossa vida financeira e investindo em coisas que antes eram impossíveis, como comprar algumas roupas e verduras. Também contratamos um serviço de transporte para levar nossa filha para escola. A vida está bem melhor”, contou.
De acordo com os autores da pesquisa, o engenheiro civil e eletricista da Agehab Leandro Kazuaki Tsuruda e a arquiteta Luiza Vitor, a casa já possuía um sistema de aquecimento solar de água, e recebeu o sistema de geração solar fotovoltaica e lâmpadas LED de alta eficiência por meio do Casa Solar.
A pesquisa partiu do consumo mensal médio em 2017, que foi de 109,35 kWh, dado apresentado na conta de energia referente ao mês de janeiro de 2018. No mês seguinte, a geração fotovoltaica foi de 63,4 kWh, representando uma redução de 58,8% do consumo de energia elétrica. Somada à economia de 10% devido à substituição das lâmpadas, a economia alcançada foi de 68,8% do consumo já no primeiro mês de geração.
Segundo o engenheiro, devido à economia feita pela moradora e todos os sistemas disponíveis, no mês de fevereiro de 2018, a conta de energia veio registrada em 22,04 kWh, ficando assim na faixa de cobrança de tarifa mínima. Para Kazuaki, no período seco a geração estimada será de 80 kWh e a economia total chegará a 83,16% do consumo de energia. Os autores concluem que a pesquisa aponta um resultado mais positivo para o uso do sistema solar fotovoltaico em relação ao aquecimento solar.
Para eles, na utilização para banho, o aquecimento solar, mesmo sem utilizar energia elétrica, apresenta resultado desfavorável devido ao alto consumo de água pelo usuário. Já o sistema fotovoltaico associado ao chuveiro elétrico, ainda segundo os autores, apresentou menor consumo de água e a energia gerada ofereceu sobra de mais de 50% para o uso nos demais equipamentos da casa.
O pioneirismo da Agehab na viabilização do sistema de energia fotovoltaica em moradias de interesse social serviu de inspiração para a publicação da portaria nº 643/2017 do Ministério das Cidades, que estabelece a utilização de sistemas alternativos no Programa Minha Casa Minha Vida, estabelecendo que o valor de investimento tanto do sistema solar de aquecimento de água quanto da geração fotovoltaica é de R$ 3 mil.
Para o presidente da Agehab, Cleomar Dutra, investir em energia solar é investir na preservação da natureza e na qualidade de vida das futuras gerações. “A preocupação do Governo de Goiás é levar moradia digna e de qualidade para as famílias que mais precisam. Na habitação, a orientação do governador José Eliton é para que nosso foco também seja a sustentabilidade dos empreendimentos, principalmente na questão energética”, assinala Dutra.
Em sua opinião, todos os gestores públicos precisam assumir esse compromisso. O investimento do Governo de Goiás para implantação do sistema de energia fotovoltaica nas duas etapas do Residencial Maria Pires Perillo foi de R$ 1,6 milhão. Os recursos já foram liberados e a Agehab começou este mês a instalação das placas em cerca de 600 unidades habitacionais do residencial para as famílias que atenderam ao chamamento para cadastro ao projeto Casa Solar.
A Agehab também está oferecendo oficina de capacitação para que os moradores interessados atuem com instalação e manutenção do sistema fotovoltaico. “É uma preocupação social que temos, qualificar mão-de-obra local para assegurar oportunidade de emprego e renda, além da manutenção das placas”, frisa o presidente da Agehab.
O projeto Casa Solar já beneficia Alto Paraíso, Residencial Novo Horizonte, com 40 moradias; e Pirenópolis, Residencial Luciano Peixoto, com 149 unidades habitacionais. Depois de Palmeiras, está prevista a instalação de sistema solar no município de Caçu, em 300 residências, totalizando 1,2 mil moradias com geração de energia solar fotovoltaica nesta primeira etapa do projeto Casa Solar, que compõe o Programa Goiás Solar.
Cleomar Dutra afirma que os recursos empregados pela Agehab para a implantação desse sistema são do programa Cheque Mais Moradia, crédito outorgado do ICMS destinado exclusivamente à aquisição de materiais para construção, no valor de R$ 3 mil por unidade habitacional. “Com o Casa Solar, a Agehab está ajudando a popularizar a tecnologia, antes inacessível para as famílias de baixa renda”, ressalta ele.
