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NO QUE A RELIGIÃO ERROU?

Eu não acreditava que Deus era isso tudo que as pessoas dizem Dele, sabia? Mas eu posso explicar o porquê. A religião funcionou como uma barreira nesse meu caminho de aceitar a fé e ter esperança em algo maior.

Fiz catequese quando criança, frequentava a igreja, mas nunca tive em mim despertado um sentimento cristão maior. Acreditava em Deus e ponto. Depois que cresci, não frequentei templos, e quando alguém começava a mencionar muito sobre o assunto e sobre religião, aquilo já começava a me incomodar.

O sonho do meu pai, porém, sempre foi que eu aceitasse Deus na minha vida, ele já chegou a me pagar pra ler um livro de Jesus e fazer um resumo (sério), reza todos os dias para que chegasse o dia em que eu vivesse em abundância segundo a Bíblia, que guiasse minhas atitudes pela palavra. Mas, adivinhem só: eu sou tudo que a igreja caracteriza como uma “desviada”, que ironia. Tenho tatuagens, piercings, canto músicas de rock, falo palavrão, e isso só à primeira vista. Quando o olhar se torna mais “profundo”, os rótulos negativos dos rebeldes começam a aparecer mais claramente – e todo o sonho do meu pai da filha ser cristã aparentemente cai por terra. Que tristeza!

Passei minha vida inteira tomando isso pra mim, aceitando o olhar hostil dos religiosos para as minhas tatuagens, para meu corpo fora do padrão, e também para os outros: meus amigos membros da comunidade LGBTQIA+, amigas que engravidaram na adolescência, amigos com alargadores, gente do bem que procurava Deus na casa Dele, mas tudo que recebia era uma porta fechada e olhares tortos de reprovação. Eu me retraí por esse motivo, me afastei com MEDO de que a religião e Deus realmente não fossem para mim.

Fiquei profundamente frustrada, em silêncio. Me resignei de que eu realmente nunca encontraria Deus da forma que meu pai encontrou. Eu estava errada: a religião está errada, assim como sempre esteve.


Mateus 23:13-15 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar. [Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.] Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.


A igreja fez com que eu acreditasse que a palavra de Deus não me tocaria nunca, que eu deveria ficar longe, que era pecadora e este rótulo ficaria comigo na minha pele, como as minhas tatuagens. Só que não é verdade. Quando a gente para e realmente lê a palavra, é tudo sobre amor, e o ódio disseminado por grupos não faz sentido algum.

“E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? (…) E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. Hipócritas! bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-Me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de Mim. Mas em vão Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem” (Mateus 15:3-9).

Eu virei a minha chavinha, decidi que conversaria com amigos sobre este tópico, e a resposta foi surpreendente. Recebi dezenas de mensagens, relatos que provam que sim, a religião está fazendo algo de muito errado, da mesma forma que fez na época de Jesus, e precisa repensar seus conceitos já. Aponto erros e falo tão escancaradamente na expectativa que algo mude.

Em tempos tão difíceis, a gente precisa ter em que agarrar por esperança, Deus é uma das soluções – não necessariamente com a religião ao lado, a palavra pode fazer isso por si só. Pode fazer por mim, por outros, e o importante é remover todas as barreiras para que esta mensagem de amor e fé passe sem encarar o exterior como obstáculo.

O Senhor, contudo, disse a Samuel: “Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”.(1 Samuel 16:7)

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Isadora Brito

Isadora é uma redatora de conteúdo e copywriter goiana, com muito para falar e ouvir. Recentemente saiu do casulo e lançou ao mundo sua marca de escrita, a @brighterfly.co.

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