INCLUSÃO SOCIAL
30 de novembro de 2022

Surdos de Goianésia são acompanhados por intérpretes da prefeitura em consultas médicas e entrevistas de empregos

Até pouco tempo atrás os surdos de Goianésia viviam exilados em suas próprias casas. Confinados num mundo sem comunicação com outras pessoas, além de parentes próximos. Escola e trabalho eram utopias distantes para a esmagadora maioria. Eram estrangeiros em sua própria terra, olhados como pessoas incapazes.

Essa realidade começou a mudar com a criação, em abril de 2021, da Central de Apoio aos Surdos (CAD), por obra da primeira-dama Eloá Menezes, com total respaldo do prefeito Leonardo Menezes. Eles contaram com outra sonhadora da causa, a educadora Dulce Ananias, que já desenvolvia um projeto de inclusão na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, a Pastoral do Surdo.

A união dos sonhos já resulta em frutos. Pode ser traduzida em dignidade a mais de 60 pessoas, que não nasceram com o dom de ouvir e falar. Pessoas que sempre ficaram à margem, impedidas de desenvolverem seu potencial.

A realidade mudou. Quem conta melhor a história da mudança é o presidente da Associação dos Surdos de Goianésia, Marcivaldo Silva dos Anjos. Em fala em libras e é traduzido por Dulce Ananias e Letícia Mendes, intérpretes da Central.

OS SURDOS CONTAM A PRÓPRIA HISTÓRIA

“A nossa vida passou a ser diferente. Agora temos um intérprete que nos acompanha em hospitais, bancos, órgãos como Vapt-Vupt. Perdíamos muitas coisas importantes por causa dessa falha na comunicação. Agora até os vídeos e eventos da prefeitura são interpretados em libras. Estamos por dentro de tudo que acontece”, conta o rapaz, que trabalha como pedreiro.

Quem também faz questão de dar seu testemunho é a designer de modas Lays Godoy de Oliveira, também surda e que teve a vida facilitada com a implantação da Central de Apoio aos Surdos. “É um trabalho maravilhoso, agradeço muito. É a primeira vez que somos vistos”, conta.

Lays, quando criança, morou em diversas cidades, entre elas São Paulo, onde teve acesso a educação inclusiva. Quando chegou a Goianésia para cursar o ensino médio, enfrentou algumas dificuldades. Na faculdade de Moda, em Jaraguá, também teve que enfrentar o sistema para ter seus direitos garantidos e conseguir se formar.

DIGNIDADE AGORA É ROTINA

Dulce Ananias, coordenadora da CAS, explica como é desenvolvido o projeto. “A Eloá tem verdadeira paixão por inclusão social. E montou um time que veste a camisa. Hoje, os surdos de Goianésia têm com quem contar. Aqui, fornecemos intérprete para acompanha-los em entrevistas de empregos, em visita a bancos, a órgãos públicos e, principalmente em consultas e exames médicos”, conta.

A secretária da Mulher, Família e Direitos Humanos, Eloá Menezes, com brilho nos olhos, ressalta que o melhor ainda está por vir. “Estamos criando a escola bilíngue, que funcionará em uma sala da escola Luiz de Oliveira, com ensino híbrido: português e libras, algo que ainda vai crescer bastante e mudar a vida de mais pessoas”, anuncia.